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Escore de cálcio e sua relação com a idade do paciente: o pouco que pode significar muito!

Ronaldo é um advogado bem sucedido. Tem 45anos, sem sintomas clínicos, sem comorbidades conhecidas. Nunca fumou, tem uma alimentação saudável e pratica atividades esportivas moderadas 5x/semana. Resolveu fazer uma avaliação clínica de rotina porque seu pai faleceu aos 49 anos de infarto. Perfil lipídico com LDL de 140 e HDL de 45mg/dl.

Mesmo com escore de Framingham de baixo risco (6%), seu clínico solicitou o escore de cálcio para investigação adicional de aterosclerose subclínica. O resultado foi escore total de cálcio 30 Agatston, concentrado apenas no trajeto da artéria descendente anterior.

Ronaldo achou que estava tudo bem, porque na referência do exame estava escrito que escore de cálcio discreto (< 100 Agatston). Entretanto, seu clínico sabia que seu escore correspondia a um percentil populacional 90. Ou seja, apenas 10% da população geral com mesma idade e sexo de Ronaldo apresentam esse grau de calcificação.

Isso é um sinal precoce de aterosclerose subclínica! Esse paciente não deve ser encarado como baixo risco!! Somente pelo fato de ter história familiar positiva para DAC, Ronaldo já deve ser considerado como risco intermediário. A identificação de sinais precoces de ateroslcerose subclínica elevam esse paciente a uma classe de risco acima, ou seja, alto risco de eventos cardiovasculares futuros! O escore de framingham ajustado pelo resultado do escore de cálcio apresentado corresponde a 30% de risco de eventos futuros em 10 anos! (conheça a calculadora do Framingham ajustado com o resultado do escore de cálcio do seu paciente no site do MESA – Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis) 

Portanto, deve ter suas metas de colesterol ajustadas e controladas com maior rigidez, segundo essa nova classificação.

Vamos relembrar então algumas indicações para o uso do escore de cálcio segundo as diretrizes brasileiras:

  • pacientes com risco cardiovascular intermediário (Framingham ou Escore de Risco Global) – classe I com nível de evidência A.
  • pacientes com risco cardiovascular baixo porém com história familiar de DAC precoce (= risco intermediário) – classe IIa com Nivel de evidência B.

Não esquecer: EC significativo (> 100 ou > percentil 75) mudam a conduta clínica, especialmente nos pacientes de risco intermediário e de baixo risco com história familiar positiva de DAC precoce.

 

 

Escrito por Alexandre Volney

 

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