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A ressonância magnética cardíaca tem valor no diagnóstico das pericardites?

Paciente feminino de 59a, submetida recentemente à radioterapia externa complementar para tratamento coadjuvante de câncer de mama. Apresenta-se com queixa de dor torácica atípica, associada à dispneia aos pequenos esforços. Teve sintomas gripais há 15 dias. Submetida àaeletrocardiograma com alterações difusas da repolarização ventricular e ecocardiograma que evidenciou sinais de restrição ventricular direita, sem derrame pericárdico ou sinais de espessamento significativo. Optado por complementação diagnóstica com ressonância cardíaca (RMC).

As imagens por RMC evidenciaram espessamento significativo do pericárdio (> 4mm), sem derrame e com sinais evidentes de edema e realce tardio pericárdico secundário a processo inflamatório ativo. Imagens em cine real timedemonstraram bounce septal na diástole precoce , achados compatíveis com pericardite aguda constritiva.

A

B

C

A. Cine SSFP evidenciando espessamento pericárdico global; B. STIR T2 para caracterização de edema; C. Realce tardio pericárdico secundário ao processo inflamatório ativo

A ressonância magnética cardíaca (RMC) é uma metodologia de grande utilidade para o estudo das doenças pericárdicas. Permite identificar derrame e espessamentos pericárdicos com acurácia superior à ecocardiografia. Técnicas de caracterização tecidual auxiliam na detecção de processo inflamatório pericárdico e miocárdio muitas vezes associados. Imagens em cine real time associadas à análise de fluxo por contraste de fase (phase contrast) permitem analisar o acoplamento ventricular e os fluxos venosos e transvalvares ajudando no diagnóstico diferencial de síndromes restritivas e constritivas. Além disso, pode ser utilizada para avaliação de massas e tumores, além de anormalidades congênitas do pericárdio.

A RMC tem indicação classe IIA (nível de evidência B) pelas diretrizes brasileiras de Miocardite / Pericardites para avaliação de pericardite aguda ou crônica e pericardite constritiva com ou sem calcificação pericárdica.

Referência: MONTERA, Marcelo Westerlund et al. I Diretriz brasileira de miocardites e pericardites. Arq. Bras. Cardiol. [online]. 2013, vol.100, n.4, suppl.1 [cited  2018-01-21], pp.01-36.

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